É maravilhoso sentir o sangue correndo nas veias. Sentir um arrepio que começa na alma ao ouvir o hino de nosso Brasil. Sair às ruas de verde e amarelo tendo a plena certeza de que se está correto por saber que está lutando por um direito seu, ou, devo dizer, nosso.
Nos últimos tempos temos acompanhado manifestos por todo o país e os motivos são diversos. Sabemos que o aumento de R$0,20 foi apenas a gota d’água. É só a ponta do iceberg.
É emocionante ver pessoas que não se conhecem dando os braços da rua e cantando em uma só voz, clamando o socorro de uma nação.
Infelizmente um pé machucado e o final de semestre na academia não permitiu que eu fosse às ruas ainda. Com tantos trabalhos sendo finalizados foi impossível minha participação física nos manifestos.
Desde o início eu me posicionei a favor de toda e qualquer manifestação pacífica para que nossos governantes enxerguem o clamor de um povo por um país melhor.
Contudo tenho algumas preocupações.
Preocupo-me com aqueles que estão indo às ruas sem uma pauta concreta; esses que estão tão afoitos na grande busca por uma personalidade, que clamam pela aquisição de uma personalidade que não se encontra pra poder comprar, então, por conta do desespero, se envolvem em toda e qualquer onda que surge para que se vistam de algo que não existe na essência do seu ser.
A psicologia os explica muito melhor do que eu.
Essa semana entrei em um ônibus quando voltava da aula e lá contem ao menos cinco jovens manifestantes, que deviam ter a idade entre 18 e 23 anos voltando juntos pras suas casas.
Fomos os primeiros a entrar no ônibus que logo foi enchendo. Tomamos nossos lugares – o que foi ótimo pelo fato de eu estar com um dedo inflamado e não poder ficar em pé por muito tempo – e ele foi enchendo até não caber mais ninguém, então, obviamente, diversas pessoas permaneceram em pé.
Uma senhora se posicionou em pé perto de nós e eu contei alguns segundos para ver qual deles se levantaria primeiro para ceder seu lugar à ela; infelizmente eu tive que ceder meu lugar.
Infelizmente não pelo fato de EU ter que ceder meu lugar, não pelo fato de sair da minha comodidade, digo INFELIZMENTE porque tais jovens não entenderam de fato que pra se mudar um país, é necessário que mudemos a nós mesmos antes.
Minha preocupação é com todos esses pseudo militantes que “gastam seu tempo” marchando nas ruas, mas quando estão dirigindo seus carros não param para que o pedestre atravesse, não respeitam o limite de velocidade, nem ao menos ligam a seta se importando com os carros ao redor. Me preocupo com uma geração que tem que ter um banco de cor diferente no transporte público pra que os menos favorecidos possam se sentar, e nem isso o fazem.
A moral individual está em falta e ninguém ao menos se deu conta.
Mas então, de repente, surge uma grande onda de movimentos no país e essas mesmas pessoas pintam em seus cartazes que o gigante acordou.
Meus amigos, qual foi a última vez que vocês esvaziaram seus armários com o que não usam mais, encheram uma sacola de roupas e mantimentos e cederam ao menos favorecido? Ou ninguém percebeu que existem moradores de rua em nossa cidade.
Quem tem se importado de fato com o orfão e com a viúva?
Talvez eles só existam no meu bairro.
Novamente, não sou contra o manifesto, mas há de se entender que a maioria das pessoas que dele participam tem atitudes contraditórias.
Não é de hoje que fazemos as coisas sem pensar e “metemos os pés pelas mãos”, nos tempos de Cazuza ele disse em uma canção: “tua piscina tá cheia de ratos, tuas ideias não correspondem aos fatos”.
Quantos de nós tem se importado de verdade com nosso país? Quantas vezes por semana temos orado por nossa liderança, ainda que discordando do fato de estarem lá?
São posicionamentos difíceis a serem tomados no dia a dia, mas só assim de fato teremos alguma mudança em nosso país.
Nós somos os agentes transformadores das nossas vidas, e se nenhum de nós agir com moral em nosso dia a dia, nosso meio não será transformado.
Desde um bom dia para o porteiro do seu prédio, para o segurança do seu trabalho até o fato de se preocupar com as pessoas que vivem nas comunidades quilombola no interior do Piauí e tem que dar seus filhos porque não há subsídios para que a família toda sobreviva junta.
“Não se amoldem ao padrão deste mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente, para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.
Romanos 12:2
Que você possa se manifestar primeiramente contra si mesmo e ser um agente transformador de Deus no seu meio de convívio.
Nadar na contramão do mundo não é nada fácil, mas é necessário e eu tenho certeza de que se você buscar verdadeiramente fazer a vontade de Deus, Ele com certeza irá abençoar sua vida com toda força para que você continue fazendo o que é certo.
Joaquim Caliman